Temos visto em muitos grupos de internet diversas perguntas de agilistas interessados em saber como medir o trabalho e/ou produtividade de um Scrum Master/Agile Master. Inclusive recentemente um colega de trabalho me fez esse mesmo questionamento.
Muitos vão concordar que essa não é uma pergunta simples de se responder. Medir o trabalho do dev team é mais fácil, pois ele possui entregáveis. Ao final de cada sprint, um incremento de produto é gerado e deve estar, caso tenha cumprido o DoD (Definition Of Done) corretamente, potencialmente pronto para implantá-lo em produção, seja ele um MVP ou não.
Além disso, temos as métricas ágeis, feitas para o dev team, o qual participa da sprint ou de uma cadência no kanban: lead time, cycle time, throughput, aging, velocidade do time, etc. E também temos os gráficos de medição: burndown, burnup, cfd, histograma, etc. Com essas métricas, o Scrum Master/Agile Master pode facilmente medir como está o andamento das atividades, se está indo bem ou mal, se está com uma boa velocidade, se a qualidade da entrega está aceitável, se o fluxo está contínuo, entre outras coisas.
O PO, como um maximizador do trabalho do dev team, também possui seus entregáveis. Um backlog bem priorizado, que gere bastante valor ao negócio da empresa, que está alinhado com as metas de negócio e com os seus stakeholders é um exemplo do seu entregável.
O trabalho do PO de Fatiar, Descartar e Priorizar é importantíssimo. Fatiar, para criar MVPs cada vez mais simples e valiosos. Descartar aquilo que já estiver há muito tempo no backlog, para se livrar das demandas sem sentido e esquecíveis. Priorizar, para dar o máximo de valor aos entregáveis do dev team.
Estórias bem escritas, com critérios de aceite bem definidos para facilitar os testes e validação, que respeitem o Defintion of Ready (DoR) do time e que gerem entregas de valor para atingir as metas da empresa podem ser avaliadas.
Como avaliar um scrum master?
O trabalho de Fatiar, Descartar e Priorizar alinhado às métricas de negócio da empresa podem ser medidores interessantes para o trabalho de um PO. Mas, e quanto ao Scrum Master ou Agile Master?
Um Scrum Master/Agile Master, com suas várias posições ou stances (removedor de impedimentos, facilitador, coach, professor, líder servidor, gerente, agente de mudança e mentor) não possui entregáveis. Sendo assim, ele poderia ser avaliado como um gestor?
Se você pensar que sim, você poderia avaliar seus soft skills. Dando uma “googlada”, encontrei algumas formas subjetivas de avaliação. Não entrarei em detalhes dessas formas, apenas listarei uma das sugestões encontradas. Uma observação nesse ponto: não sou especialista em RH ou em avaliação de pessoas. Estou apenas expondo minha opinião e mostrando um possível método de avaliação, encontrado na internet. Provavelmente existem outros, como feeedback 360º, avaliação one-on-one, entre outras.
Esse é um exemplo de avaliação de competências:
– Identificação de problemas: verifica se ele é capaz de identificar e priorizar problemas que atingem a equipe;
– Tomada de decisões importantes: verifica se ele é capaz de tomar decisões importantes em situações urgentes;
– Visão de cenário: verifica se ele é capaz de avaliar problemas em diferentes perspectivas;
– Honestidade e integridade: verifica se ele é ético e cumpridor de compromissos;
– Transparência e comunicação: verifica se ele tem skills de comunicação e se ela é transparente;
– Administração de conflitos: verifica se ele é capaz de administrar conflitos no time;
– Atuação e autodesenvolvimento: avalia sua sabedoria para atuar em problemas e como ele se atualiza no aprendizado;
– Capacidade de adaptação: avalia se ele é flexível e adaptável à mudanças;
– Construção de relacionamentos: avalia se ele tem a capacidade de construir relacionamentos com clientes e parceiros;
– Colaboração e trabalho em equipe: avalia se ele é capaz de trabalhar em equipe;
– Capacidade de treinamento: avalia se ele é capaz de difundir o seu conhecimento para os membros da equipe;
Um ponto a ressaltar é que um Scrum Master/Agile Master é um líder servidor. Ele não manda. Não trabalha com o conceito de comando/controle. As metodologias ágeis pregam a auto-organização, o Management 3.0 prega o empoderamento de times.
As empresas estão caminhando para um modelo de gestão mais descentralizado, dando autonomia para os times trabalharem da forma que acharem mais produtiva e para tomarem suas próprias decisões, na medida do possível. Será que, ainda assim, poderíamos avaliá-lo com conceitos de gestão?
As metologias ágeis pregam a melhoria contínua. Ou seja, o time deve ser capaz de se auto-avaliar constantemente, identificar seus possíveis pontos fracos e traçar planos de ação para a melhoria desses pontos. Porém, até quando melhorar? Na minha humilde opinião, o ser humano sempre terá algo a aprender, como pessoa e como profissional.
Então, acredito que essa melhoria deve ser por tempo indeterminado. Se você acha que já sabe tudo, so sorry. Você precisa pensar fora da caixinha e procurar evoluir seus conhecimentos para engrandecer sua experiência profissional e dos seus companheiros de time.
Uma das definições mais bonitas que já ouvi sobre a atividade de um Scrum Master/Agile Master até hoje é: um profissional que deve trabalhar para tornar-se desnecessário. Assim que sentir que isso está acontecendo, quer dizer que estará fazendo um excelente trabalho. Achei sensacional essa definição porque, apesar de ser uma triste constatação, no fundo é a mais pura verdade.
Mas como um Scrum Master/Agile Master torna-se desnecessário? A resposta é simples, porém o caminho é árduo para torná-la realidade: tornando o seu time maduro na agilidade, mudando o seu mindset para que se torne autossustentável.
Sendo assim, concluo que, para um líder servidor, que não tem o perfil de mandar, que tem o perfil de orientar o time à solução, de fazê-los encontrar o seu melhor, traçar o seu caminho e trilhá-lo com suas próprias pernas, uma melhor forma de medir sua produtividade é medindo a maturidade ágil do time. Um excelente Scrum Master/Agile Master seria, na minha opinião, um profissional que trabalha para ser desnecessário para o seu time, aumentando a sua maturidade.